A região metropolitana de São Paulo é uma das maiores áreas urbanizadas do planeta. A crise de políticas públicas diversas, especialmente falta de investimento em educação e cidadania, e a defasagem do poder de polícia na administração pública brasileira, combinada com o modelo de hiperadensamento urbano adotado nas últimas décadas, têm contribuído para o aumento das tensões urbanas.

A violência urbana interna nos condomínios é um importante termômetro social e ambiental a ser apurado nas cidades.

Sob um olhar sistêmico, este artigo pretende questionar, por meio da análise das edificações, onde projetamos o residir, o trabalhar e o recrear, e por onde passa todo tipo de contato entre as pessoas, as situações de vizinhança e a qualidade de vida resultante do uso da propriedade nesta tipologia urbanística. O tema das áreas comuns nas casas, nas empresas, nas ruas, nos equipamentos urbanos e especialmente nos condomínios (com patrimônio comum interdependente), onde a proximidade e o encontro são obrigatórios, tem aparecido na agenda social na atualidade. O cuidado nestes ambientes é traduzido por educação social, necessária especialmente no ambiente condominial.

Há algumas outras discussões a fazer. Qual é a cultura que permeia o uso e o compartilhamento de áreas privativas e áreas comuns na tipologia condominial? O que nos levaria, individualmente, a ser ou não lenientes ao percebermos, por exemplo, o furto de partes que a todos pertencem? E o que fazer na hipótese de reagir eficazmente e positivamente neste cenário?

Tal realidade se reproduz, semelhantemente, na cidade como um todo. Esta tipologia urbanística, junto com os loteamentos fechados ou bairros planejados, tem tomado conta do “jeito de viver” presente, em pequenas comunidades protegidas – aldeias urbanas.

Assim, trazem-se à análise algumas recomendações estratégicas que norteiem a comunidade. Serão propostos encaminhamentos no sentido de construir democraticamente e participativamente a convivência e a administração dos condomínios.


São Paulo’s metropolitan region is one of the world’s largest urbanized areas. The crisis affecting a widerange of public policies, especially the lack of investment in both education and civic education, and the weakened power of police inside Brazilian public administration, combined with the urban hyper- densification model adopted in Brazil over the last decades, have contributed to increasing urban tensions. In this context, internal urban violence in gated communities is an important social and environmental gauge that cannot be ignored by the cities.

Based on a systemic point of view and by analyzing the purpose-built structures designed for living, working and leisure where all kinds of contacts between people occur, this article intends to question neighborhood situations and the quality of life that results from the use of property in that urban setting. The topic of common areas in homes, companies, streets, urban equipment and especially in gated communities (featuring interdependent common property), where proximity and encounters are unavoidable, has become part of the current social agenda. Conservation of all types of common areas results from education, social education, which is especially required in the environment of gated communities. However, some additional questions need to be discussed as well. What kind of culture permeates the use and sharing of private and common areas in gated communities? What would lead us, individually, to be lenient (or not) towards theft of common property? And, what should be done to react effectively and positively in such a scenario?
This reality is reproduced in a similar way throughout the cities. This urban typology, along with walled communities or planned neighborhoods, has turned into the current “way of life”: small protectedcommunities – urban villages.

Thus, strategic recommendations that guide communities need to be analyzed as well. To conclude, recommendations are suggested that could help establish communal life and manage gated communities in a democratic and participative manner.