Ao longo dos trinta anos de operação do Metrô de São Paulo verificou-se a existência de um ”território de oportunidades” que se formou ao longo das linhas de metrô, fruto do interesse do mercado em incorporar a seus ganhos os benefícios econômicos da confiabilidade, rapidez e segurança, garantidos e consolidados durante todos estes anos pela operação do Metrô. Essas oportunidades são uma vez mais renovadas com a expansão em curso da rede de metrô (Linhas 2 e 4) e com a modernização da rede de trem metropolitano.

O presente trabalho apresenta a estratégia em andamento no Metrô de São Paulo, que pretende incorporar às etapas de planejamento e projeto da expansão e modernização do sistema metro-ferroviário o conceito de “inserção ampliada” das estações em seus entornos. Esta “inserção ampliada” das instalações no espaço urbano sustenta avanços nos projetos de novas estações, terminais e pátios, incluindo em sua concepção a possibilidade de realização de Empreendimentos Associados e a implantação de eixos de circulação que fortaleçam a articulação com o entorno.

Ao implantar pólos geradores vinculados às suas estações e terminais de integração multimodal, a empresa toma a frente dos processos de transformação urbana que se observam após a implantação de suas linhas, podendo exercer um controle mais efetivo do adensamento, substituição de usos e do próprio desenho urbano em seus entornos. Uma grande diversidade de exemplos de implantação de empreendimentos associados a sistemas de transporte sobre trilhos pode ser encontrada atualmente em várias cidades de todo o mundo. Aproveitando-se das vantagens locacionais oferecidas pelas estações para a exploração de atividades de comércio e serviços, tais empreendimentos estabelecem uma relação de sinergia com os sistemas de transporte, benéfica para ambas as partes.

Através de ações conjuntas com os municípios envolvidos, lançando mão de instrumentos como as Operações Urbanas Consorciadas e Áreas de Intervenção Urbana, será possível garantir um controle mais eficaz do uso do solo, favorecendo a concentração de atividades terciárias e o adensamento populacional junto às estações, fomentando o transporte não motorizado, especialmente como modo complementar. Tais ações poderão, ainda, favorecer a revitalização urbana de áreas degradadas.

Aos benefícios descritos, acrescentam-se aqueles já conhecidos advindos da implantação de empreendimentos associados: obtenção de receitas não tarifárias, incremento da demanda fora dos horários de pico, nos contra- fluxos e em finais de semana, criação de empregos e outros, todos contribuindo para o desenvolvimento sustentável do sistema de transporte.

Neste trabalho, um enfoque especial é dado à apresentação do “território de oportunidades” da Linha 4 - Amarela do Metrô de São Paulo.