As cidades ganham importância crescente na economia mundial e independência frente às diretrizes nacionais. No Brasil, a autonomia municipal para gerir seus recursos, principalmente ao longo dos anos 90, foi reforçada pelo Estatuto da Cidade (Brasil, 2002). Porém, ao mesmo tempo coloca-se um desfio: gerar seus esses recursos.

De recipiente de ações e políticas econômicas decididas e negociadas na esfera nacional ou estadual, as cidades vêem-se cada vez mais com a função de atrair recursos que permitam seu equilíbrio econômico, sua excelência administrativa e a busca permanente de proporcionar qualidade de vida socioeconomicamente equilibrada para sua população. E, excetuando injeções governamentais diretas ou via projetos especiais, esses recursos estão no mercado.

Um dos desafios das cidades, portanto, é se colocar como um ator na cena econômica, tendo claros seus objetivos, analisando as oportunidades do ambiente econômico, saindo a campo para atrair investidores de diferentes portes – e para isso, é necessária a estruturação de um plano de comunicação que fale a linguagem dos atores do mercado.

Uma ação política inovativa deve ter no plano de marketing o instrumento das estratégias de desenvolvimento territorial porque permite ao administrador, não somente a clara identificação dos desejos dos cidadãos-cliente e do mercado, mas um meio para estabelecer como chegar à satisfação destes desejos, com quais recursos, com quais tempos e modalidades. Com o marketing as políticas territoriais não se limitam às ações de controle, mas tornam-se estratégias ativas e definidas de desenvolvimento.

Não se trata, claro, de transformar a cidade em uma empresa fazendo com que todas suas diretrizes políticas, atribuições sociais e estratégias de desenvolvimento pautem-se exclusivamente pelo mercado empresarial, porém, os desafios de atuar no mercado, enquanto ator ativo na mesa de negociações, são verdadeiros e inescapáveis para o desenvolvimento urbano socioeconômico equilibrado.

Neste artigo abordaremos esses desafios que se colocam para as cidades como atores na cena econômica e apresentaremos o caso da cidade de Santo André, na Região Metropolitana de São Paulo, que vem implementando estratégias inovadoras para a gestão urbana frente ao mercado.