A expansão do crédito imobiliário em conjunto com outras alterações macroeconômicas que marcaram o Brasil na segunda metade da década de 2000 provocou um forte impulso na produção de moradias, inclusive através do sistema de incorporação imobiliária. A abertura do capital de grandes incorporadoras foi acompanhada pela expansão geográfica de seus empreendimentos para as capitais e cidades de porte médio das regiões Norte e Nordeste do Brasil, provocando mudanças importantes na forma de atuação dos promotores e no produto imobiliário. Grosso modo, a produção das empresas de origem local permaneceu similar a da década de 1980, ou seja, unidades de padrão alto, em localizações centrais e destinadas a consumidores de renda alta. Em contraponto, as empresas que aportaram em Natal nesse período, produziram de forma mais diversificada, seja no aspecto tipológico, no padrão da unidade e, especialmente, na localização geográfica, passando a atuar em bairros periféricos. Alguns fatores podem estar relacionados com essas alterações, quais sejam: i. os altos preços fundiários praticados nas áreas centrais, ii. o consumidor menos exigente em termos de localização e mais preocupado com preço e prazo e iii. mudanças tipológicas que atraíram a classe média ascendente.

O Estudo busca ... ...  O registro em cartório preserva informações sobre as características do empreendimento em diversos documentos oficiais que, de forma combinada, podem resultar em uma descrição completa do empreendimento. Através da coleta e tabulação desses dados foi possível complementar o banco de dados existente, gerando informações passíveis de representar o momento da produção imobiliária local.

Dentre as muitas análises possíveis, este estudo se debruçou sobre as diferenças no padrão nas unidades produzidas durante o maior boom imobiliário ocorrido no município. A produção de flats e condomínios club por parte de empresas recém-chegadas contrasta com a produção de apartamentos de alto padrão, ainda predominantemente produzidos por empresas locais. Destacam-se alterações na planta, nas dimensões e no padrão de acabamento como os principais diferenciais entre os dois modelos de produção. A distribuição espacial da diferenciação de padrão também fica evidente com a atuação nos bairros centrais sendo predominantemente local, ao passo que as empresas de outros estados atuam de maneira mais diversificada no espaço.


The expansion in real estate credit together with the macroeconomic modifications that experienced Brazil since 2005 provoked a strong impulse in habitations production, through real estate incorporations systems. The capital opening of the bigger corporations was associated with geographic expansions of their buildings in the main cities of North and Northeast from Brazil, Inducing changes from the promoters and real state product. Roughly speaking, the production of local companies remained similar to the 1980s, that is, high standard units in central locations and for consumers of high income. In the other hand, companies with opened capital present a diversified production whether in typological aspects, or construction standard, localization (started to build in remote locals in the metropolitan zone of the cities). Some factors may have contributed for these changes, like: i: the high values of central buildings, ii. the consumers are less rigorous in terms of localization and more worried about price and time, and iii. typological changes that attracted the ascending medium classes.

The study is based on the characterization of housing units registered in the real estate regime in Natal / RN - Brazil, from 2000 to 2015. The registry keeps the information about characteristics that combined may result in a complete description of the building. By the collect of these data it was possible make a data bank about the incorporations, capable of generate information about the standards of local production.

This study is about these differences during the real estate explosion occurred in the city. The construction of flats and condominium clubs by the outside companies contrasts the high-standard buildings of the local companies. Noteworthy are changes in the plant, in the size and standard of finish as the main differences between the two production models. The spatial distribution of the differentiation standard is also evident with the presence in the central districts being predominantly local, while companies from other states act in a diverse way in space.